17 de setembro de 2008

Açúcar.

Amo-te pelos seus horários. Pensando ao avesso do que realmente é os vejo fantasmas que saem do relógio a cada da horta certa, em mim tua, para me lembrar. Coisas à toa, aqui e acolá que roubaste de mim e sem saber sabendo fizeste de nossas vidas algo quase único, coisa quase uma só.
O açúcar vindo da dor confeito fino sobre as tortas de maça cujo cheiro sinto agora ao lembrar que preciso aprender a cozinhar os doces que tu tanto gostas para servir-te nas manhãs ociosas de domingo: café e açúcar.
Risada, voz e ritmo do respirar teus escuto cada vez que nasce em mim vontade de ti. As músicas que formam os teus sons misturam-se e quase emudecem o sempre igual tec-tec do teclado. Aqui não estás, mas cada linha tem a mesma quantia minha e tua. Tiro-te desse altar em que te coloquei e empresto tua beleza e a também a beleza dessa mistura incessante de sentires para criar algo teu enquanto tu não estás aqui- para que a saudade não me coma por dentro.
Saudades tantas e tão sem por quê. Mesmo quanto te tenho ao meu lado morro de saudades pelo tempo em que a senti, mas não sabia. A falta de alguém cujos traços do rosto, o nome e o sexo eu desconhecia. Alguém que estava por vir e pela qual a chegada eu esperava todo o dia e era tanta tristeza quando a noite caia e a fome de amor não se aquietava dentro de mim.
Uma dúzia de rosas, amor meu. Seis do jardim que embelezam e seis da confeitaria que alimentam.
Seis amontoados de trinta dias: muito açúcar e muita beleza.

Um comentário:

Andressa Maiochi disse...

Os doces eu te ensino, agora do resto corre!