23 de fevereiro de 2010

Oh well,

A porta abriu-se tímida e meus olhos cansados fugiram do olhar metade íris e metade madeira que me encarou com aquela ausência do tal impulso vital. Esquivei-me do abraço que, na outra vida de dez dias atrás, continha em si tudo o que eu julgava necessário. Um pé depois do outro fui desbravando o apartamento com a cautela de quem pisa em chão de madeira comida. (Tal o cupim come a madeira eu cuspi qualquer sentimento transformado-o em pó em volta dos móveis.) O que aconteceu em mim foi um renovar de olhares: enxerguei tudo agora o que antes cerrava os olhos e me dizia cega. Mãos dadas a um novo sentir que engatinha no meu peito andei um andar seguro por entre sala, cozinha & quarto. Contei dos dias e das noites e toda aquela surdez que me dava ânsia de gritos transformou-se em dávida. Conversa de mim para mim.
-São possíveis outros quartos e sentires e por quês. É justamente essa a beleza de nascer a cada acordar e morrer a cada dormir.
Os cômodos de quatro paredes pareciam iguais a não ser pela chuva que banhava meu rosto com a certeza de que o teto não mais me aprisionava.

3 comentários:

Marie-Annie R. disse...

Só uma palavra p'ra ti:
Saudade.

Bruna disse...

o ventilador podia ter o poder de congelar as coisas, pessoas e principalmente o tempo!

Rebecca Loise disse...

minha menina & a coragem. teu poder de inventar países numa cidade em sangue (que cabe em corpo). meu sorriso na entrelinha. minha esperança que não é só poesia. viva, viva, viva!