11 de fevereiro de 2010

Nunca,

Observava, com aquela atenção que só existe em crianças, a mãe fazendo as malas com pressa. A bagunça de brinquedos no quarto foi desaparecendo. Olhou para o guarda roupa e notou todas as gavetas abertas: e vazias.

Voltou ao corredor e notou seu pai parado na porta da cozinha com o olhar fixo no chão de mármore. Lembrou que três dias antes havia perguntado o que era aquela coisa de metal branco na garagem. Um varal. Mas nós já temos um varal. Sua mãe está se mudando e vai levar você com ela.

Havia esquecido dessa conversa até que viu o tal varal sendo levado até o carro. Pegou o urso e seguiu sua mãe até a porta. Vai se despedir do seu pai.

Não me abandona, filha. Se você um dia me abandonar papai morre.

O varal virou um monstro e o abandono uma sentença.

Nenhum comentário: