9 de agosto de 2008

Náusea (depois da).

vou secar. quando anoitecer em mim e eu for me deitar estarei seca. seca. seca. o instante interior ao de perder o controle. o último sorriso verdadeiro antes de ser encharcada em tristeza. viver na espera do desastre inevitável está me matando. tenho medo pelo amanhecer quando me deito e pelo dia que virá quando acordo. tenho medo de quase-morrer. ser metade depois de descobrir como é bom ser inteira.
hoje eu queria secar. há dias não consigo chorar do jeito que gosto. do jeito que gosto, não consigo chorar até a exaustão e um pouco além. hoje sinto culpa pela minha tristeza. é que eu tenho tanto medo. tanto. sei que já disse isso. mas não há nada mais a ser dito. tenho tanto medo de perdê-la que parece que perdi-me de mim.
o telefone sendo desligado enquanto eu ainda falo. o sentir enorme de que se não for ela não será ninguém. ninguém irá querer.
(sim, eu sei que irá: mas a verdade não me pertence mesmo sendo a minha verdade.)
então hoje eu vou secar. ou talvez o nó preso em minha garganta do choro contido contido contido me faça parar de respirar.
hoje eu vou acabar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei da forma como expressa seus momentos de angustia e desejos. "Náusea (depois da)." me pareceu tão agonizante. Normalmente falo sobre o que sinto ao ler.

Desculpa a invasão!

Thuany.

Andressa Maiochi disse...

Vim sussurrar aqui, mas pela esquerda.