12 de junho de 2009

20:20

chove. ando devagar por essas ruas cheias de lama. atraso-me por querer: não gosto da minha casa e do que ela me faz lembrar. as lembranças- todas!- são algo que eu gostaria de me livrar de uma vez por todas. talvez assim eu tivesse uma chance de sobreviver a esse inverno.
enquanto ando pelo lado da estrada um carro passa por uma poça e molha-me dos pés a cabeça. quando chegar de novo o verão já terei desaparecido. pouco aos poucos. bem devagar. um olhar. um gesto. algumas palavras. e: eu não sou mais eu.
perdi-me por completo. pelo amor ou falta de. fui encolhendo. arrastando-me para o canto. e, olha só!, agora eu não sei como sair do quinto canto da minha própria vida.
mas agora chove. não acho as chaves. vou sentar um pouco aqui e olhar a montanha. quero ser verde. quero ser água.
quero ser eu. voltar a ser o que era antes. sem essa palidez, essa tristeza, essa falta de vontades.
mas talvez já seja tarde. o inverno chegou e o cobertor ficou grande demais.

Um comentário:

BAR DO BARDO disse...

Você faz exercícios muito bons, flerte da poesia com a prosa.