Aqui a minha frente tem essa janela. Essa janela de vidro que escorre. Muito pouco, pouco, pouco. Amontoado de insignificâncias, mas olhando com atenção posso ver o resultado do que não fazia diferença.
Eu escorro. De fora para dentro. A lágrima volta, volta e volta: alaga o meu interior e salga as outras expectativas. O sangue não sai pelo corte que faço, ele volta e volta e volta: avermelha as salgadas expectativas.
Como o vidro estou escorrendo um pouco mais a cada segundo. Olhe com atenção e conseguirá ver o resultado do que nunca antes fez diferença alguma.
Olhe bem. Ou não olhe. Eu vou continuar escorrendo: eu e o vidro.
3 comentários:
Nós temos tendência ao três, é muito engraçado.
Tu repetes e eu dou três características. Sempre.
Hahah, linda, linda. Linda.
=*
Poético, lindo e doloroso...
É diário ou literatura? Há uma tela cheia de furinhos entre as duas paradas?
Sei dizer que o texto se encaixa no caos e que as perguntas são meros elementos de retórica barata.
Tudo de bom, cara.
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